Saúde mental no trabalho: os impactos da pandemia e como retomar as atividades

“A volta ao trabalho presencial é um momento que exige atenção e cuidado por parte das empresas. Entenda melhor o problema e veja o que fazer para tornar o processo mais tranquilo.

Quase dois anos depois, a pandemia causada pela Covid-19 está mais controlada. Com a vacina, o número de casos e de óbitos vem caindo e, aos poucos, as pessoas começam a retomar suas vidas – seja no âmbito social, familiar ou do trabalho.

Ainda que esse recomeço seja um momento positivo e muito aguardado, não se trata de algo simples. Nada mais está como antes e todos precisam se adaptar a uma nova realidade, sem tempo de processar tantas mudanças e perdas

“É como um pós-guerra. O retorno às atividades do dia a dia é um desafio muito grande e que provoca muito estresse. Vivemos o medo do novo, de perder pessoas da família, de perder o emprego. Um medo que assusta muito, um medo que adoece”, alerta a psicóloga Daniela Cazuza, da equipe multidisciplinar do Programa de Saúde Mental Amil.

A volta ao trabalho presencial é uma das situações mais desafiadoras, já que esse é um ambiente que sofreu profundas transformações por conta da pandemia. Com a necessidade de isolamento social, o trabalho foi abruptamente transportado para dentro de casa e muitas pessoas viram desaparecer a saudável divisão entre vida pessoal e profissional. Reuniões online intermináveis, demandas da casa aumentando e se acumulando, expediente sem hora para começar ou terminar. Muitas mudanças e nenhum tempo para processá-las.

Os desafios não foram menores para quem continuou trabalhando de forma presencial. A exposição, o medo de adoecer ou de perder pessoas queridas, a instabilidade de seus empregos e funções. O resultado disso tudo foram muitos trabalhadores doentes e com a saúde mental fortemente abalada.

“A gente teve um número alarmante de casos de crise de Síndrome de Burnout, que são casos recorrentes de pressão e estresse no ambiente de trabalho. Também houve aumento de crises de ansiedade, que envolvem questões como pânico, fobia e medo. Os casos de depressão também tiveram um aumento muito grande. E o que a gente está vendo agora é o aumento do TEP, que é o transtorno de estresse pós-traumático”, enumera a psicóloga Daniela.

Desafios para as empresas

Esse cenário trouxe muitos desafios também para todas as empresas. Mudar repentinamente o modelo de trabalho e ver seus colaboradores perdidos e exaustos acarretou perdas importantes para os negócios. Foi preciso rever processos e priorizar os cuidados com a saúde mental de todos.

“A vida e a saúde são prioridade número 1 dentro de uma organização, seja ela de pequeno, médio ou grande porte. Isso precisa ser colocado em prática a partir de um processo de comunicação junto a todos os colaboradores. Não é só a construção de protocolos, precisa de apoio para a saúde e a segurança”, salienta a psicóloga da Amil Daniela Cazuza.

Gilberto Godoy Junior, Gerente de Estratégia de Pessoas & HRBP da Bloomin’ Brands International, dona das marcas Outback, Abbraccio e Aussie Grill no Brasil, relata que enfrentou diferentes desafios com mais de 10 mil colaboradores da companhia.

Entre os diversos desafios estavam sair do escritório para trabalhar em casa, situações de estresse, dificuldade de adaptação à nova rotina, falta de experiência de liderar à distância. Para quem teve que continuar atendendo presencialmente (como a equipe de delivery dos restaurantes) e também para quem ficou em licença remunerada (garçons e toda equipe de atendimento), problemas como medo de sair e o adoecimento físico e emocional, causado pelo vírus.

“Nós tivemos casos sensíveis de saúde emocional. Realizamos pesquisas pontuais para entender as necessidades e tomamos ações para cuidar das pessoas nos quesitos saúde, financeiro, psicológico, social e até jurídico. Além disso, preparamos nossa liderança do escritório e dos restaurantes para criar cada vez mais um ambiente seguro e de comunicação não violenta. Temos um canal de escuta aberto com todos e afirmamos ao longo da pandemia que ‘está tudo bem não estar bem’. Criar esse espaço de troca foi fundamental para passarmos por períodos turbulentos ao longo da pandemia”, relata Gilberto Godoy.

Para proporcionar mais bem-estar aos colaboradores, a companhia apostou em campanhas de engajamento, contratou uma equipe de profissionais da saúde dedicada à empresa, prestou auxílio financeiro e jurídico e buscou acolher e entender as necessidades de cada caso. E o principal: proporcionou um programa de saúde mental aos colaboradores.

“A saúde emocional já era uma questão que vinha crescendo, mas com a pandemia acelerou muito e hoje é o principal foco das companhias. Aqui, nossa prioridade é cuidar das nossas pessoas. O benefício mais importante que temos hoje é o programa de saúde emocional com o apoio direto do nosso presidente, Pierre Berenstein”, destaca Gilberto Godoy.

A retomada oficial do escritório será em 2022. Entretanto, a Bloomin’ já está fazendo um teste do modelo híbrido.

“Em setembro, iniciamos o nosso Piloto de Retomada para 2022. Apenas colaboradores já imunizados participam dessa ação. Estamos testando horários mais flexíveis, periodicidade de ida ao escritório e melhores práticas para a nova rotina híbrida. Esse grupo piloto está nos apoiando para construir a melhor experiência para o retorno oficial no próximo ano”, afirma Gilberto.

A empresa já colheu aprendizados com esse teste e está planejando um retorno oficial para 2022 com foco no cuidado, bem-estar e saúde física e emocional de todos os colaboradores.

Cuidados além da pandemia

Apesar da pandemia ter catalisado os transtornos mentais, a saúde requer cuidados que independem da Covid-19. A saúde da mente e do restante do corpo caminham juntas e, quando algo sai do eixo, o suporte psicológico é altamente recomendado. Foi o caso da enfermeira Cláudia (nome fictício usado para preservar a identidade da profissional), de Guarulhos (SP). Acostumada a cuidar do próximo, foi ela quem precisou de ajuda devido ao diagnóstico de um câncer de mama.

Claudia passou 10 meses afastada para se concentrar no tratamento, período em que passou a frequentar o Programa de Saúde Mental da Amil, onde foi acolhida por profissionais que zelaram também por sua saúde emocional.

“Essa notícia me pegou de surpresa, eu fiquei desnorteada. O meu mastologista, já na primeira consulta, pediu para eu procurar um apoio psicológico. Sem o Programa de Saúde Mental da Amil, eu não teria conseguido sozinha”, relata Cláudia.

Vencido o câncer, seu principal desafio é a volta ao trabalho em um momento tão complexo. Além dos medos da pandemia, ela precisou se readaptar ao próprio trabalho e à própria rotina. E com os desafios da insegurança e medo, Cláudia encontrou na terapia o espaço para trabalhar tantas questões e seguir em frente. Com o apoio dos colegas mais próximos e uma boa dose de otimismo, a enfermeira vai vencendo os obstáculos.

“Tenho uma equipe de trabalho muito boa que me ajuda, e a terapia pra mim é muito importante. Mas não foi fácil voltar. Eu falo que ainda estou na integração. Depois de 10 meses fora, é um dia de cada vez, vou fazer tudo no meu tempo”, comenta.

O Programa de Saúde Mental Amil existe desde 2018, quando a empresa já identificava que o agravamento das questões de saúde mental era um problema que precisava de atenção. Com o efeito da pandemia, esse serviço se mostra ainda mais importante para as organizações que buscam cuidar dos seus colaboradores.

– Rede credenciada qualificada, que engloba: equipe clínica especializada, psicólogos e psiquiatras preparados para lidar com as questões atuais.

– Suporte de Saúde Mental 360: destinado aos casos graves e complexos. Oferece uma equipe multidisciplinar que envolve o paciente com uma visão completa e que proporciona um cuidado abrangente e resolutivo.

Por meio do Programa de Saúde Mental Amil, as empresas podem proporcionar um cuidado primordial a seus colaboradores e evitar perdas importantes para todos. Afinal, a saúde mental é assunto real e que não pode ser minimizada.”

 

Créditos – Fonte da matéria na íntegra:

https://g1.globo.com/noticia/2021/11/11/saude-mental-no-trabalho-os-impactos-da-pandemia-e-como-retomar-as-atividades.ghtml